No inglês, Nonsense é uma expressão que indica algo sem sentido, nexo, lógica ou coerência. Mas esse não é o caso dos EPs do Delacruz que carregam esse título. “Eu quis fazer uma pegada bem romântica, mas na real (o que costumo dizer é que) eu não escrevo nada nas minhas músicas que seja mentira, né!? Tudo é verdade”, diz ele. “Então, de alguma forma, eu falo sempre sobre a minha realidade. Eu sou casado, tenho filho pequeno… obviamente a maioria das músicas vai ser sobre isso (romance), até porque essa é a minha verdade”.
No segundo volume do projeto iniciado em 2019, ele mantém a musicalidade alicerçada no R&B. O complemento com gospel, soul e programações dá mais densidade. Varia (com equilíbrio) entre o orgânico e o eletrônico. “Algumas músicas começaram com beat, outras foram feitas com um arranjo instrumental. Desde o início a intenção era misturar vários gêneros, várias ondas diferentes. A ideia da maioria dos arranjos foi minha”.
Delacruz é moderado nas interpretações. Mantém a tranquilidade, inclusive nos grooves. É cuidadoso no trato com as palavras. E isso também reflete na escolha dos parceiros de composição: Yoún, Kevin o Chris, Camila Zasoul e MC Hariel.
“Foi legal juntar com outras pessoas para falar sobre o amor… eu sempre falo sobre isso. Então eu me sentei com os meninos do Yoún, expliquei como era o meu estilo de composição, ressaltei que tudo era verdade, e eles entenderam muito bem. Assim aconteceu com todos os que participam dos dois EPs.”
Todo o processo levou quase um ano para ser concluído. A influência veio de fontes diferentes. Durante a produção, Delacruz buscou referências no trap, rap, samba. Mas o que prevaleceu foi a coletividade. “É uma mistura de coisas que tenho ouvido, não só de artistas renomados, mas também de pessoas que estão ao meu redor. Então tem um pouco da onda de cada um”.
Dividir o trabalho em dois também foi uma decisão bem planejada, para acompanhar o consumo de música na era digital. “É mais fácil você aprender, de fato, 5 músicas do que aprender 10 de uma só vez. Então, foi meio que um jogada que a gente fez pra galera se familiarizar mais rápido. E nos dias atuais, você sempre tem que estar lançando conteúdo. Hoje, por exemplo, eu não teria nada lançado. Já teria que estar em outro processo. Por isso, é legal dividir porque aí você distribui o seu tempo. Com toda essa rotatividade, você tem que estar sempre lançando”.
Independente, Delacruz acumula números expressivos no streaming. Um dia depois de estrear “Nonsense Vol.2” (07/03), o cantor/rapper deu o start na sua turnê com um show no Circo Voador, Rio de Janeiro. Na companhia de sua banda (e com a casa cheia), ele recebeu os amigos Luccas Carlos, BK, Tiago Mac e Sant.
“Ali, assisti muita gente que sou fã. Os maiores do Brasil passaram naquele palco, sacou. Então, você imagina como é pra mim com apenas 22 anos de idade ter a mesma responsabilidade dos meus ídolos. Esse palco é histórico… e só de ver minha família e amigos presentes me deu um pouco mais de confiança. Mas não vou amenizar o nervosismo que me pegou durante toda a semana. Agora, é continuar trabalhando”.
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