A última temporada de “Tão Real” chegou ao fim. Na realidade, se completou. Essa foi a forma do Rashid entregar um disco. Inicialmente não se entendeu muito bem o formato, mas as peças foram se complementando. E não foram só as músicas. Teve todo um conteúdo pensado para fazer a amarração: podcast, documentário e posteres. É o já conhecido jeito do MC trabalhar. Sem obviedade.
Na Terceira Temporada, Rashid juntou todas as músicas das anteriores. A primeira audição soou como estranha, porque era esperado sons inéditos – separados dos demais. Mas ao longo dos 70 minutos as coisas vão se encaixando. Os temas se conversam, formando uma linha do tempo que narra as dores, frustrações e as vitórias do interlocutor. Por esse motivo, ele também explora uma variedade de estilos – do R&B ao jazz, passando pelo pop, reggae, soul e boom bap. Como o próprio Rashid observa é um “roteiro comum da vida humana”. É reflexivo. Realista. É sobre as lutas diárias, conquistas, dissabores, amor, resiliência.
Nessa parte final são inseridas “V-I-S-Ã-O”, “Blindado”, “Casca”, “Meu Amigo Tempo”, com Tuyo, “Eu”, que tem a presença da Srta. Paola, e “Pipa Voada”, parceria com Emicida e Lukinhas, que ganhou um videoclipe romântico dirigido por Gabriel Camacho.
Todas elas se contrapõem musicalmente indo do mais grave ao ameno. Isso depende do direcionamento dado. É bem balanceado. Mas não foge à regra. Mesmo assim, Rashid ousa fazer um álbum (juntando as 3 temporadas) de 18 tracks [das 36 que ele disse ter feito] num tempo em que a música passa por um período de liquidez e descarte. Esse é o resultado de mais uma aposta.
*Foto: Moysah
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