Sem medir as palavras, Karol de Souza expõe suas verdades. É autêntica. Coloca para fora o que tinha guardado para mostrar no momento certo: agora. Ela vai totalmente no caminho oposto do que tem sido feito atualmente no RAP tupiniquim. Mas usa alguns elementos do que está em alta, incluindo o TRAP, para discorrer assuntos não muito apreciáveis pela maioria.
“As pessoas diziam pra mim que eu era pancada. Que eu era tipo agressiva, porradona. Não tenho uma suavidade. Isso continua”, afirma.
Explosiva, Karol expõe seus pensamentos. Tem coragem. Se aprofunda em temáticas densas. Exalta a sua beleza fora do padrão mercadológico. Evidência seu amor próprio. Explícita seus desejos. É sagaz, ácida, sensual. Está no comando. Por isso, desabafa e manda um foda-se quando acha necessário.
Os 22 minutos e 16 segundos de “Grande!” injetam doses de autoestima para quem não se aceita por causa do modelo imposto. Karol de Souza confronta aqueles que insistem em padronizar pessoas. Reafirma sua negritude. Reconhece alguns “privilégios”.
“Eu sempre me enxerguei como uma pessoa negra e nunca tive nenhuma dúvida, mas quando eu vim de Curitiba para São Paulo eu comecei a ser apontada como uma pessoa branca várias vezes ou como “ah você não é negra, você é tipo morena” umas coisas assim, você é tipo mulata, parda, esses termos péssimos. Em SP eu entendi que eu tenho uma parte branca e que eu não podia esconder isso, muito pelo contrário e agora eu estou entendendo também quem eu sou”.
As visões de Karol são altamente relevantes para o período atual. Ela não se prende. Usa a sua habilidade para deixar que as rimas se sobressaíam. O background instrumental tem peso. Mas o foco está nas “ideias”. É GRANDE!
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