Aconteceu. Após postergações, e uma masterização [último processo de finalização do registro musical] horas antes de colocar no streaming, Kanye West revelou ao mundo “Jesus Is King”. Todos estavam à espera, inclusive quem não curte as pirações dele. Mas, enfim chegou. Kanye tomou conta dos assuntos. Virou trends. Talvez o direcionamento para o gospel foi a causa da curiosidade, aguçada pelas reuniões do “Sunday Service”. De qualquer forma qualquer trabalho de Kanye West geraria essa gritaria, tendo em vista que ele arquivou alguns discos prometidos. É insensível. Porém, “Jesus Is King” não apresenta novidades. Yeezy imprime a musicalidade enraizada na cultura religiosa afro-americana na estrutura sonora que ele vem fazendo há algum tempo – até a estética usada na finalização [que soa digitalizado, com estridência]. Não tem novidades extremas, a não ser as letras que são centradas em Cristo (é claro que por ser um trabalho de Kanye West, transformar o direcionamento do conteúdo lírico já pode ser considerado algo extremo). Antes dele, muitos outros artistas exploraram esse campo, mas não tiveram exposição no mainstream: de Fred Hammond com o Commissioned, passando por Marvin Sapp, Deitrick Haddon, Lecrae, Mary Mary e Kirk Franklin. Por isso, “Jesus Is King” é OK! Das 11, as que ganham destaque são “”Follow God”, God Is”, “Hands On” e “Use This Gospel” – o ápice [“Closed Sunday” chama atenção pela marcação do sintetizador, que é bem próxima de “Dark Horse”, da Katy Perry, a mesma processada pelo rapper Flame por plágio de “Joyful Noise”. Esse não é somente um experimento de Kanye West. É o retorno dele às suas raízes cristãs.
*Foto: Kevin Winter/Getty Images for ABA
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