Indicar discos não é um trabalho fácil. Cada um tem sua visão sobre determinado projeto. Há uma particularidade nas interpretações. Por isso se faz necessário ouvir diversas vezes para entender o propósito das ideias que o artista pretende compartilhar. Nem sempre é possível. Mas continuo tentando.
Tássia Reis – Próspera
Muito esperado, “Próspera” superou as expectativas. Pelo menos as minhas. Como sempre, Tássia Reis entrega um trabalho irrepreensível. Ela não tem medo de explorar sua incrível voz. Faz interpretações que casam perfeitamente com os ideais da persona que ela desenvolve nas canções. Tássia Reis também segue “rigorosamente” o conceito de álbum [que tem se perdido]. Assim, a rapper/cantora cria a sua forma de mostrar o caminho que percorreu, e os desafios que teve de enfrentar, para alcançar a prosperidade – e não se resume ao dinheiro.
“Esse disco surgiu da necessidade de acreditar que podemos ser melhores do que somos agora e prosperar em todos os sentidos: pessoais, amorosos, espirituais e, também, financeiros”, diz Tássia. “É sobre evolução e equilíbrio para que todas essas partes de nossas vidas cresçam juntas e fortalecidas. Para isso é necessário deixar de lado tudo que é ruim, amadurecer, florescer e correr atrás da nossa felicidade. A mensagem é essa. Foca em você, no seu bem-estar, na sua família, na sua ancestralidade. É isso que eu estou buscando para mim”.
Freddie Gibbs & Madlib – Bandana
Madlib é tipo uma “santidade” do underground do RAP. Freddie Gibbs não fica muito longe. Quando eles disseram que estariam juntos em “Bandana” os seus súditos quase colocaram a internet abaixo. E geral ficou extasiado já nas primeiras horas que o disco ganhou as plataformas. Mais uma vez, os dois mostram toda a “sujeira” das ruas, que são explicitadas nas letras, refletindo a vivência de Gibbs, e na sonoridade “crua” produzida no iPad de Madlib. Mais uma vez eles mostram por que são os “mestres do jogo”. É fascinante.
Akira Presidente – Nandi
“Nandi” te faz pensar sobre a beleza que existe nos relacionamentos. Akira Presidente nos coloca na história da família dele e expõe as batalhas enfrentadas e correrias que precisa fazer para garantir o seu. Ele é mais um que leva a sério o conceito que propõe. Uma música direciona a outra. Akira expõe o que acredita de uma maneira impactante. É sóbrio, confiante e objetivo. “Nandi” mantém a coesão da primeira a última track. Te conecta às experiências do rapper. E quem é pai [e preto] se vê representado.
Goldlink – Diáspora
Goldlink vai muito além do RAP. Ele te leva para uma viagem psicodélica na história da música preta – das tribos africanas ao grime da Inglaterra. “Diáspora” é mais um experimento. Para isso, Goldlink pegou referências nos mais diversos movimentos culturais relacionados à comunidade negra. Não por acaso, o disco tem diáspora no nome. É quase que um resgate. Que une os antepassados com a contemporaneidade. Tudo da forma mais envolvente possível.
*Foto: Caroline Lima
Indicamos também: Quatro discos QUENTES: Coruja BC1, Beast Coast, Flying Lotus & Tyler, The Creator. Leia aqui.
