Muita gente não entendeu quando o Emicida mandou dizer que estava voltando. Ele não se referia apenas ao disco que está por vir, quase cinco anos depois de “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” (2015). O retorno é sobre o resgate das raízes, da africanidade, da crítica aos críticos, do afrontamento, da afirmação da voz e do lugar dos pretos, e da valorização de suas vidas nesta sociedade racista, que cada vez mais ganha aval para destilar seu ódio. Emicida é convincente. Tem o controle da .
“É sobre essas coisas que eu preciso falar para que a gente consiga avançar e criar uma conexão autêntica”, disse Emicida na premiere do videoclipe de “Eminência Parda”, realizada no Museu Afro Brasil. “Minha parada agora é conexão. É tipo: vamos trocar ideia. Vamos se falar, vamos ver o que a gente pode fazer junto, para melhorar pra mais gente. O sonho que a gente tem na LAB é este: conseguir transformar os lugares”.
Na autobiográfica “Eminência Parda”, ele levanta questões que permearam sua vida; os rancores; os desafios vencidos; a fé; a coragem; a prisão em BH, em 2012, por um suposto “desacato à autoridade”; a polêmica criada pelo mbl por conta dele usar um terno de R$ 15 mil. Emicida é convincente. Fala de suas dores, para que elas não sejam analisadas pelas cicatrizes. Expõe suas visões. Parte para o ataque.
Os versos do “Canto dos Escravos”, de Clementina de Jesus, marca presença na magistral interpretação da rainha do carimbó Dona Onete, uma das brasileiras mais celebradas no mundo. O português Papillon [GROGNation] também dá sua contribuição, enaltecendo o poder da negritude e convocando o levante. E Jé Santiago, na contenção, faz um retrato do seu corre – nada de sorte, só trabalho.
“Eminência parda é uma expressão francesa que tem um significado provocador, assim como essa canção”, Explica Emicida. “De onde emana o verdadeiro poder? Quem nos diminuiu até acreditarmos que o poder e pessoas como a gente eram elementos contrários? É uma música sobre grandeza autêntica”.
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