Unleash the thrill of playing online pokies at the premier au casino online and experience pure excitement.

Kaliteli ve kazançlı oyun deneyimi sunan Casino Siteleri ile büyük ödüller kazanabilirsiniz.

Виртуальное казино авиатор приглашает вас на захватывающее путешествие в мир азарта и удачи.

Откройте для себя уникальное gamma casino и дайте волю своим азартным желаниям.

Начните свое азартное путешествие с Вавада казино и получите возможность выиграть крупные призы.

Доступ к сайту вавада зеркало дарит вам возможность наслаждаться игрой в любое время.

Pesquisar
Close this search box.

De fora da cena, uma imersão aos bastidores do Rap: Na Batalha

São Paulo, 24 de outubro de 2018 – a primeira imersão da jornalista Giulianna Lombardi aos bastidores do Rap.

Destino: “Largo da Batalha”

Falar sobre o desconhecido pode ser muito difícil, mas te leva para um outro lugar onde existem muito mais possibilidades do que se pensava em um primeiro momento.

Atrasada como sempre e principalmente sem entender muito bem por onde começar a imergir nesse universo paralelo do mundo do Rap, tive que aceitar que chega a ser difícil esconder as marcas de ser uma mulher branca, de classe média que não faz muita ideia sobre o gênero e sinceramente não muito sobre outras coisas. Acho, também, que posso dizer o mesmo sobre as amigas que me acompanharam nesta jornada.

Neste dia, percebi que em algum momento teria que parar de postergar essa imersão (que eu tanto queria), e, entre alguns conflitos internos, finalmente convenci algumas amigas de que me acompanhar a uma batalha de Rap de rua seria uma boa ideia.

A quarta-feira amanheceu chuvosa e para a maioria de nós o dia não parecia nem um pouco propício para qualquer tipo de aventura. Mesmo assim, o prazo de entrega da matéria certamente continuava a ser terrivelmente mais preocupante do que qualquer chuva torrencial. Fomos. “Next Station, Faria Lima”, dizia a voz nos alto-falantes do metrô paulistano. Era hora de descer e descobrir onde ficava o tal do “Largo da Batata” — perceba os efeitos das características que citei sobre o nosso grupo no parágrafo acima. Não sei o que se passava na cabeça de todas nós, mas na minha devo admitir que o nome só me remetia ao local em que fechavam as ruas durante o Carnaval e também consigo me lembrar vagamente de algum parente dizendo sobre ser um lugar onde “baderneiros planejam revolução”, fato que, dependendo do ponto de vista, se confirmará muito em breve.

Uma das edições do Largo da Batalha | Reprodução Facebook

A estação parecia mais movimentada do que deveria para o horário, o policiamento maior e muitas outras pessoas tão perdidas quanto nós também perguntavam umas para as outras sobre a a localização do Largo da Batata, o que nos pareceu um pouco estranho. Subimos as que pareciam ser duzentas escadas rolantes para sair da estação e não encontramos nada sobre a batalha. Atravessamos a avenida e perguntamos a alguns policiais sobre o evento. Apesar da gentileza, eles só souberam nos informar sobre uma enorme manifestação contra a, até então, possível eleição de Jair Bolsonaro, do outro lado da avenida, que muito curiosamente não havíamos notado. Comecei a pensar que talvez não fôssemos conseguir nada para a minha pauta naquela noite, mas antes de desistir fomos nos informar com uma pessoa que com certeza conhecia o movimento da área — uma das senhoras que vendia espetinhos de carne em um carrinho estacionado na calçada. “Olha, geralmente tem uns meninos que ficam por alí”, disse, apontando em direção a uma das laterais da estação de metrô. “Não sei se eles vão estar lá hoje por causa da manifestação, mas se eu fosse vocês eu ia lá.” Agradecemos e seguimos o conselho dela. Em meio a comerciantes vendendo todos os tipos de coisas, desde bandeiras LGBT e placas com a histórica hashtag “Ele Não” a cervejas e bebidas baratas como Corote e Catuaba, escolhi uma pessoa que me parecia aberta a nos dar mais alguma informação. Com o que o jovem que segurava uma garrafa de cerveja na mão e deveria ter entre 20 e 24 anos disse, finalmente conseguimos encontrar o local em que estava acontecendo a batalha.

Na realidade, não sei se o que encontramos era exatamente um local. A coisa toda acontecia em volta de uma caixa de som que ficava em cima de um tripé muito alto no meio de uma praça, por onde passavam inúmeras pessoas com camisetas da CUT — Central Única dos Trabalhadores, adolescentes andando de skate e algumas mães com crianças de colo. A única coisa que os diferentes grupos tinham em comum era o copo de bebida nas mãos, quando não a própria garrafa, e o adesivo com o número 13 grudado no peito. Do lado da caixa de som , em pé, estava um homem loiro de vinte e poucos anos que parecia ser alguém importante para o contexto. Era Thomas Meneguette, o “Caixa”, um dos organizadores do evento que leva o nome de “Largo da Batalha” e neste dia celebrava sua 83ª edição — Largo da Batalha a favor da democracia — #EleNão. Perguntei a ele sobre a manifestação estar possivelmente atrapalhando o evento e ele, surpreso com a pergunta que hoje percebo que tinha uma única resposta óbvia, respondeu que o movimento só agregava ainda mais valor para o que as batalhas representam, que todos estavam reunidos em prol de uma mesma luta. O Caixa, que estava claramente ocupado, nos convidou a conhecer a página do Facebook do evento e disse que por lá responderia com mais atenção outras perguntas.

Resolvi então conversar com outras pessoas. Dahora Nayara, uma jovem negra que usava tranças no cabelo, brinco de argolas nas orelhas e uma jaqueta rasgada, fazia parte de um grupo de mulheres que estavam rimando bem próximas a nós. Ela nos contou que é formada em marketing, mas, por também ser cantora e compositora, começou a participar das batalhas há quatro meses, chegando até a vencer algumas. Dahora também lembrou que, apesar do Rap ter mudado muito e estar envolvendo outros estilos como o Trap, e abraçando tanto negros como brancos, continua a fazer parte do movimento Hip-Hop. Por isso, uma das coisas mais importantes a serem feitas é respeitar as origens de como e de quem começou esse movimento nas periferias. Perguntei se ela gostaria de cantar algo para ouvirmos, mas, tímida, deu risada e voltou a conversar com as amigas.

DaHora Nayara na batalha | Foto: Cristhiane Evangelista / Reprodução Instagram

Observamos mais um pouco. As pessoas falavam alto por conta do volume das músicas que tocavam na caixa e alguns tossiam entre uma tragada e outra nos cigarros, mas não pareciam se incomodar. Avistamos dois homens vestidos com bermudas, bonés e moletons pretos largos. Ficamos um tempo pensando se eu não os incomodaríamos com as perguntas e um deles pareceu perceber que estávamos falando sobre eles. A situação ficaria ainda mais desconfortável se não fôssemos logo nos apresentar e e eu explicar a minha proposta. Os dois foram super-receptivos. O primeiro que começou a falar foi Pedro Negrini, de 22 anos. Ele nos contou que tem sua própria produtora de música e um grupo de Rap que se chama “Chelli”, que lançou uma nova música recentemente, que leva o nome de “Mais uma carta”. Pedro, que trabalha durante a semana como garçom em um restaurante na Oscar Freire, começou a dizer sobre a batalha da noite ser uma batalha de sangue. Ao perceber que nenhuma de nós entendeu o conceito, começou a explicar. O que ele disse é que existem dois tipos de batalhas. As batalhas de tema, que funcionam como uma espécie de “show” com dois Mc’s, que, apesar de disputarem entre si para passar de fase, complementam as rimas um do outro enquanto discorrem sobre o tema que é proposto pelo público. E as batalhas de sangue, que colocam um Mc contra o outro, como em uma luta em um ringue em que vale tudo. Pedro também disse que, apesar de “valer tudo”, qualquer desavença e ressentimento entre os Mc’s acaba com o fim da batalha, mas depois voltou atrás e acrescentou: “Ou não”, dando uma risada tímida que fez com que todas nós ríssemos. Seu amigo, Weed, de 25 anos, é organizador de uma batalha no Taboão da Serra que se chama TSP A Batalha. Ele também nos explicou sobre as batalhas de sangue e disse que “o sangue, seria o sangue quente, sabe? Aquela ideia dos caras estarem com o sangue quente e desabafarem um para o outro. Mas a ideia do Rap, o movimento mesmo de batalha, prega muito a união, então durante aqueles 30 segundos os caras se atacam, o outro responde durante 30 segundos, mas, na maioria das vezes, depois eles se cumprimentam […] Então não é uma coisa que é levada para o pessoal e sim para o engrandecimento da cultura.” Agradecemos e continuamos a observar.

Pouco tempo depois, reparo na presença um homem magro, sorridente, de chinelos e bermuda parado com um cachorro gordo que babava preso à coleira. A cena pareceu tão curiosa que precisei descobrir se de alguma maneira fazia parte do contexto. Ele em si era apenas um apreciador da cultura que costuma e gosta de passear com seu cão pela área, mas, muito disposto a ajudar, aparentava conhecer qualquer um que passava por nós. Ele nos levou a um outro grupo de homens que estavam sentados atrás de uma mureta. Um deles era Silas da Silva Fernandes, de 20 anos, que frequenta a batalha desde suas primeiras edições. Silas disse achar “da hora a cultura dos caras” , referindo-se ao que acontece nas batalhas de sangue, mas o seu objetivo como rapper e a questão do Rap em si é tentar “fazer um rap em prol das fita que tá acontecendo na cidade (…) com o que tá acontecendo com nóis lá que mora na favela, com qualquer pobre louco”.

O início das batalhas se deu com uma moça recitando uma poesia. Quando ela terminou, o Caixa assumiu de volta o microfone e começou a anunciar os nomes dos participantes sorteados para a primeira fase. Enquanto isso, uma outra jovem com mechas azuis se esquivava da multidão e retirava de dentro de um saco de lixo um tapete quadriculado branco e preto que servia de palco para os concorrentes. As duas primeiras batalhas da noite tinham como regra garantir mulheres na disputa, em uma tentativa de mudar o histórico do estilo, essencialmente com uma forte presença masculina. Dahora, com quem havíamos conversado há pouco tempo, foi uma delas. A competição funcionava através de um esquema de chaveamento. Oito batalhas, entre dois Mc’s cada, formavam o primeiro turno, que garantia a vaga de apenas quatro para a segunda fase. Dos quatro sobravam dois de cada chave. Na terceira etapa figuravam os finalistas, que batalhavam entre si pelo reconhecimento e prêmio final, que nesta noite, especialmente, era uma pequena tela pintada à mão.

Em cada confronto eram colocadas diferentes batidas de músicas de rap, os chamados “beats”, em um celular preso à caixa de som que estava coberta por um guarda-chuva vinho que caía de tempos em tempos com a força do vento. O beat era cortado assim que se passavam exatos 30 segundos do cronômetro que era controlado pela jovem de mechas azuis, indicando que era a vez do outro Mc rimar. Depois dos dois terem participado, o Caixa perguntava de maneira entusiasmada sobre o desempenho de cada um para o público, que qualificava o melhor pela intensidade dos gritos. Quando o som mais alto não ficava nítido para saber o vencedor daquele turno, o Caixa pedia para que levantássemos uma das mãos como forma de voto em nosso favorito, assim ele conseguia contar cada braço estendido e entregar um resultado mais preciso. Esse procedimento acontecia duas vezes em cada batalha. Em alguns confrontos mais intensos, o público gritava “terceiro” repetidas vezes, pedindo um outro round, que acontecia de maneira mais dinâmica, sem marcar o tempo em que os participantes deveriam intercalar entre si.

Curiosamente, os vídeos das batalhas da edição que presenciamos não estão presentes no canal do Youtube do evento como todas as outras anteriores e seguintes à 83ª. Mesmo assim, encontrei um outro vídeo com a participação de Dahora, do dia 3 de outubro deste ano.

Indicamos também: Uma conversa com o Rashid na companhia do RAPadura. Leia aqui.

Compartilhe
WhatsApp
plugins premium WordPress