A voz suave de Jamila Woods tranquiliza qualquer ânimo exaltado. Ela é encantadora. Prende a atenção dos ouvidos com sua poesia politizada. A ótima recepção de “HEAVN“, o projeto debut dela, mostra que a cantora, poeta, professora e ativista tem muito a compartilhar. Por isso, ela dá sequência ao seu inspirador trabalho com “LEGACY! LEGACY”, que está programado para chegar em 10 de maio.
O poeta Hanif Abdurraqib diz que “mais do que apenas dar os títulos das músicas os nomes de pretos que são ícones históricos da literatura, arte e música, Jamila Woods constrói um monumento sonoro e lírico para os vários modos de como esses ícones tentaram empurrar para além das margens que um país tinha atribuído a eles”.
Jamila explica o conceito de cada track: “Uma música é para Zora Neale Hurston, escritora que se doou tanto para a cultura antes de morrer solitária. Uma música para Octavia e sua enorme e selvagem consciência! Uma música para Miles Davis! Uma para Jean-Michel Basquiat e um para James Baldwin”. Mas não somente para eles. No álbum produzido por Oddcouple, Peter Cottontale e Slot-A, com participações de Saba, Nico Segal, theMIND, Jasminfire e Nitty Scott, Woods também celebra Sun Ra, Muddy Waters e Frida Kahlo.
O primeiro single de “LEGACY! LEGACY! é “Zora”. “Meu armamento é minha energia … Um antídoto para a sensação de ser julgada à primeira vista”, diz ela sobre a canção. “Uma pomada para quando as pessoas pensam que te conhecem melhor do que você mesmo. É sobre se recusar a ser o centro das atenções e não permitir que sua identidade seja colocada em uma caixa. Você está em constante evolução. É uma música para se libertar de estereótipos e suposições, inspirada na escrita de Zora Neale-Hurston.”
Nada mais representativo que Jamila fazer o visual da música na biblioteca Johnson Publishing Archives, na Chicago’s Stony Island Arts, que guarda livros e artefatos da história negra, escrita por negros. O diretor Vincent Martell observa que “em nossa sociedade, um corpo negro que assume o seu espaço é revolucionário em si mesmo. Jamila vai ainda mais longe, tocando uma música com o nome de Zora Neale Hurston em uma biblioteca cheia de centenas de milhares de peças de literatura negra. A produção é uma celebração dos negros que vivem em sua essência”.
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