por Lucas Silva
Fazia um bom tempo que o RAP não respirava como hoje. Nosso pulmão tem mais ar que o lobo mau nos melhores dias na floresta, o punho cerra e acerta no peito em grandes produções vindas da rua. Não que em algum momento as máquinas pararam, pois bem sabemos que estes tubos musicais que nos sustentam tem contrato vitalício com a cultura do nosso país, mas hoje a cena está foda. É como já disse o KL Jay: “Estamos vivos!”
Sempre procuro ouvir o que o RAP BR tem de novo. Muitas coisas vem e vão, mas há situações em que até o som da rádio para e você pensa: “Esse mano é foda, veio pra marcar época”. Djonga é um deles. Como ele próprio diz e que já marcou: “Djonga é sensação, Djonga é sensacional”. Esse preto merece uma pausa no seu dia e um play no seu Spotify.
As rimas deles são simplesmente CABULOSAS. Tudo se encaixa e as referências são nervosas e pesadas. “Geral esperando meu próximo som, como se fosse estreia de Game of Thrones. Nossa voz bate forte e longe, tanto quanto cotovelo do Jon Jones”.
O primeiro som dele que escutei foi “Esquimó”, do álbum Heresia, e quando o refrão bateu eu arrepiei: “Largando linhas pra nem morto ser calado”. Me encontrei nesse refrão e nele estou até agora.
Em PRIMATAS, do Dime Cronista e Garoá, o menino Djonga chega chutando a bola no ângulo, um verdadeiro gol de placa.
“Igual Bíblia mil cairão ao seu lado, se for cuzão eu mesmo que atirei, dez mil a sua direita e esse canhoto fui eu que assinei”. Djonga é o camisa dez da minha seleção, um aviso pros rival: “Firma bunda que lá vai pau”.