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Falamos com Paulo Microfonia sobre o EP “Mudanças, Novidade, Surpresas: Possibilidades”

Paulo Henrique Novaes sempre está com um sorriso no rosto. Divergente dos esteriótipos que permeiam os MCs, ele fala tranquilo, sem marra. Paulo não é um novato. Microfonia foi o codinome escolhido. Aos 10 anos, o RAP entrou na sua vida. Com 13 já escrevia algumas linhas.

“Na época não tinha internet. O que tinha era (os programas da 105 FM) Balanço RAP e Espaço RAP”, diz. “Eu pegava as fitas de sertanejo do meu padrasto e gravava os RAPs por cima pra gente ficar ouvindo o dia inteiro. Tocava Visão de Rua, Racionais, Filosofia de Rua, Thaíde e Dj Hum, Tupac, Bone… aí passou um tempo eu conheci a Pavilhão 9, que, praticamente, foi quem influenciou pra eu começar escrever.”

“Cadeia Nacional”, de 1997, abriu a visão. A escrita fluiu. Microfonia começou a fazer rimas. As bases, vendidas nos camelôs do centro de Campinas, interior de SP, ajudaram no acompanhamento. Os CDs tinham entre 10 e 15 produções, mas não dava para aproveitar boa parte delas. Mas Paulo Microfonia não tinha problemas com os backgrounds que usava. A habilidade na escrita superava as dificuldades sonoras, porém o objetivo era elevar o status quo da sua arte. Então, decidiu investir. Em 2011 fez seu primeiro registro. Já no debut, Novaes garantiu presença na coletânea da Família MLK. As ideias do MC chamaram a atenção. Progresso.

“Eu comecei a prestar atenção no trampo do Paulo em 2013, quando eu lancei o disco EP(i)sódio Primeiro, e ele o single Pelas Ruas”, diz André Luiz (Dj Deco, Sopro Inverso, O Coletor), amigo, produtor e sócio na Imaginaria Beats. “Na época, eu curti o som pra caralho. Tempos depois, organizamos algumas batalhas (na Manada) e aí chamei ele pra encabeçar a Imaginaria comigo. Essa foi uma das melhores escolhas que fiz.”

Como um estudante na academia que se dedica por quatro anos e no final do último precisa entregar o trabalho de conclusão, Microfonia desenvolveu o projeto e arquitetou a aplicação. Agora, para a banca examinadora, ele entrega seu TCC: o EP Mudanças, Novidades, Surpresas: Possibilidades. “Demorei pra fazer porque estava prestando por qualidade, sabe!? É aquela coisa: o primeiro disco é igual um filho. Eu não queria fazer a coisa de qualquer jeito, ir lá pegar uns beats na internet e gravar. Não. Falei: vamos fazer uma coisa legal, bem produzida”, observa.

É certo que nem tudo que é bom recebe o aval dos jurados. E o rapper sabe que a realidade é reversa: coisas sem valor são super-valorizadas. Mas Microfonia está preparado. “Posso dizer que este não é um disco de mercado, radiofônico, que segue a receita do que tem gerado milhares de views… Quem ouvir vai entender o por quê”.

Paulo sabe usar as palavras. Seguindo a linha dos 90’s, ele aborda temas variados. Sem sujeira. “O Paulo destrói nas rimas, mano… Ele manda muito bem no desenrolar das temáticas, sabe!? E apesar de ser um EP, o trabalho é bem conceitual. Ele conta uma história”, enaltece André.

Microfonia e André Luiz
Microfonia e André Luiz

O LP tem a ver com o cotidiano de Microfonia. Fora dos padrões, o título transmite uma mensagem decodificada. “Querendo ou não, os temas são amarrados”, diz. “Eu passei por momentos de transição nestes últimos anos, por isso que o nome do disco é Mudanças, Novidades, Surpresas: Possibilidades, porque representa as transformações que ocorreram na minha vida. Tem um conceito. É legal falar de festa, mas é importante a gente trazer para a discussão vários temas que envolvem o nosso dia-dia. Quero fazer as pessoas pensarem, trazer para um ambiente de discussão que possa agregar.”

Mudanças, Novidades, Surpresas: Possibilidades chega primeiramente às plataformas digitais, mas Microfonia e André Luiz planejam fazer com que ele também esteja disponíveis em versões físicas de K7 ou vinil, além do CD. Para o time de produção foram convocados O Coletor, MB, DJ Piá, DJ Dh (Inquérito, Emicida, Rashid), Blood, Skeeter, Negroove e Dario (Pok Sombra e Zudizilla). O design da capa é assinado por Guile Farias, responsável por trabalhos do Haikaiss, Pok Sombra e Dario, Zudizilla.

“Muita gente não reconhece você como artista até que seu trabalho oficial esteja na rua. Espero que a galera, agora, pare pra escutar e veja que a gente tá trabalhando sério já faz um tempo”.

Escute o EP na íntegra:

 

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