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808s & Heartbreak: como não soar humano fez Kanye mais humano

Quando eu escutei 808s & Heartbreak pela primeira vez eu estava estudando inglês, então me atentei principalmente ao seu conteúdo lírico. Ao entender sobre as letras, eu achei aquilo extremamente íntimo, acima de tudo. Escutar homens se abrindo sobre os seus sentimentos não deveria, mas ainda é algo muito raro – seja pelo ideal de masculinidade atrelado à ideia de virilidade ou mesmo porque exige muita coragem sentir e falar sobre.E se tem algo que Kanye conseguiu com a materialização deste trabalho, há exatos dez anos, foi ser corajoso. É fato que o auto-tune já tinha se instaurado no rap e T-Pain sempre enfatiza isso, mas West foi pioneiro em propositalmente soar robótico. Poder se desaproximar da ideia de ser humano foi o que de fato permitiu que Kanye West se mostrasse mais humano.

Na primeira faixa, “Say you Will“, é como se eu chegasse no quarto do Kanye e ouvisse ele desabafando enquanto o som de pong toca ao fundo – sensação que o loop causa na faixa inteira. É como se iludir e desiludir constantemente na busca por intimidade, por proximidade, por um real contato. “When I grab your neck, I touch your soul“ (e uma das razões de eu ter soul tatuado no pescoço é justamente por isso). Em “Welcome to Heartbreak”, Kanye nos convida não mais pro seu quarto com letras espalhadas, um videogame e música clássica ao fundo, mas para entrar de fato em seu mais íntimo: o coração. Ele fala que enquanto seus amigos mostram fotos dos filhos, tudo o que ele tem a mostrar são fotos de pratos em restaurantes. Fazendo um paralelo com Kanye dos tempos atuais, ele teria então cumprido um de seus maiores desejos: ter uma família. Mas o que verdadeiramente custou chegar até lá é o que talvez tenha o mudado tanto. “Heartless” foi um dos singles do álbum e releva, mesmo que nas entrelinhas, os desafios de se envolver com uma mulher forte, decidida, e o quanto ele queria que simplesmente tudo fosse mais fácil – mas é como se ela não tivesse piedade dele por isso. Kanye então, em “Love Lockdown”, literalmente “chaveia” seus sentimentos e vive a ambivalência de querer sentir e estar ferido.

So you never know
Never never know
Never know enough
‘Till is over love
‘Till we lose control

Paranoid” é uma tentativa de Kanye organizar não só os próprios pensamentos, mas de outra pessoa e a falha maravilhosamente nisso, resultando em uma bagunça linda – o clipe tem referência do Hitchcock e é estrelado pela Rihanna, vale assistir. “Robocop” é uma das faixas mais contraditórias de todo o álbum. Kanye se refere à sua ex como mecanizada, mas quem mais soa robotizado é ele mesmo. É como projetar em outra pessoa uma característica que, na verdade, nós mesmos temos. “Street Lights” é uma música essencialmente triste, mas com batidas marcantes e me remete muito à ansiedade e angústia de um momento de sofrimento.

Bad News” é minha faixa favorita, pois retrata em essência o quanto Kanye conseguiu criar um estilo muito próprio de produção, que mistura soul com música clássica e R&B em 808s de uma forma que você não consegue mais separar um do outro. “See You in My Nightmares” é uma das faixas que menos gosto. Ela tem participação do Lil Wayne, mas soa mais perturbadora do que acredito ser intencionada. Chegamos em “Coldest Winter“, a música que Kanye fez para sua mãe. Ele retrata toda a escuridão dos tempos de perda e resume tudo o que o álbum o representa: memórias feitas no inverno mais frio. E justamente como as estações, o sofrimento volta. Para Kanye chegar onde chegou – ser um artista multifacetado, com produções únicas, números exorbitantes e alcançar não só a fama, mas um legado, provavelmente tenha deixado sua mente de modo negligenciado.

Kanye é referência quando se refere à autoestima – love like Kanye loves Kanye – e diversas vezes se autointitulou gênio, mas esse foi o momento em que pudemos ouvir sua vulnerabilidade em angústias, expectativas e principalmente quebras e rupturas – o álbum intersectou a morte de sua mãe e o término de seu noivado. Kanye foi a ruína e de lá construiu um universo particular, mas que marcou uma década reiventando tudo o que a gente entendia sobre rap. Existe uma certa discordância no que se refere ao disco ser ou não de rap, mas penso que se não considerarmos os vocais futuristas, as letras como feridas expostas e o caráter experimental como um todo, não estaríamos enxergando a referência direta que isso deixou na cena. XXX Tentation, Drake, Lil Uzi Vert,Travis Scott não seriam os mesmos sem essa contribuição de Kanye – e eu também não.

Indicamos também: “Oxnard”, do Anderson. Paak, é dançante, contestador e satírico. Leia aqui.

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