O RAP nem sempre foi de protesto -de mensagem, como gostam de dizer. No início de tudo era só diversão. Mas o tempo passou e ocorreram diversas mudanças. Muitas vertentes se criaram, inclusive o gangsta RAP. O Trap veio na rabeira. Tornou-se um fenômeno entre os millennials, mas não agradou os puristas. Paciência. Nessa altura do campeonato é impossível ignora-lo. Já faz parte da cultura urbana, de quebrada – e da “playboysada” também.
Confesso que atualmente o trap não está entre minhas preferências [já esteve nos primórdios com T.I e a Hustle Gang]. Nao por isso vou deixar passar batido.
Antes de chegar aos ouvidos da maioria, ouvi com atenção o disco do Young Buda, “True Religion“. Conheci alguns sons dele a partir da mixtape: “Músicas para Drift Vol. II” [até o coloquei “no RADAR”]. Curti bastante, porém, nas esse LP de estreia não bateu nas primeiras audições. Talvez a “grande quantidade” de auto-tune tenha sido o ponto negativo. Não conseguia entender as letras, apesar de ficar empolgado com a potência das bases assinadas por Crimenow, Emika Beatz e o próprio Yung. Dei outras chances para conseguir entender a ideia geral de Budah.
Cheguei à conclusão que a intenção dele não é fazer o ouvinte refletir nas ideias. Mas sim que curta o momento, sem preocupação. Por isso, o “personagem” faz narrativas aleatórias que conversam diretamente com o receptor: a molecada. Assim, Yung usa referências da cultura pop e uma estética menos convencional, mais suja [principalmente na voz], agressiva e sombria, para abordar conflitos, curtições e bens materiais que fazem parte da lista de futuras conquistas de quem vive nas periferias.
Quem não tem afinidades com o trap pode não entender de imediato. E isso não vai acontecer só com este trabalho. Porém, “True Religion” pode ser uma entrada interessante nesse universo. Já quem vive intensamente o trap world, Yung Buda entrega um projeto bem alicerçado, feito para esquentar as pistas e fazer tremer os falantes dos carros. É a sua verdade. Transmite a visão de liberdade para fazer o que bem entender, sem precisar seguir os padrões pré-estabelecidos.
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