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artigo / 25 anos depois, continuamos sobrevivendo no inferno

Clássico dos Racionais MC's ainda continua tão atual quanto nos anos de 1990.

O acesso a qualquer novidade no interior de São Paulo, mais precisamente em Hortolândia, sempre teve algum tipo de dificuldade. Tratando-se de música, o grau aumentava duas vezes. Diferente da capital, a TV CCE de 14 polegadas não recebia o sinal da MTV Brasil.

Ouvir rap só era possível via Espaço Rap, da 105 FM, de rádios piratas, que mantinham uma programação dedicada nos finais de semana, primordialmente na madrugada, e fitas K7s piratas. Os pais também faziam parte dessa barreira. Na visão deles, aquele tipo de música representava a malandragem, os bandidos. Mesmo assim, dava-se um jeito.

Antes do fenômeno “Sobrevivendo no Inferno”, o “Homem na Estrada” figurava entre uma das únicas músicas dos Racionais MC’s que a molecada conhecia de fato. Isso mudou depois da chegada de uma vizinha. De vez em quando, o filho dela que morava em São Paulo ia visitá-la. Nessas idas e vindas, ele levava uns CDs piratas com vários raps nacionais: Xis e Dentinho, GOG, Consciência Humana, RZO, Sistema Negro. Como quase ninguém tinha um toca CDs, fazíamos cópias nas K7s.

Quando arrumei uns trocados, comprei a cassete de “Sobrevivendo no Inferno”. Colocava para tocar no período que meu pai não estava em casa, no surrado walkman e nos finais de semana na casa dos meus avós, onde ouvia o dia todo no quarto da minha tia Irai. Obviamente ficávamos mocados, com o som no volume razoável para o meu avô não ouvir – e não azedar o rolê. Aquilo tocou tantas vezes que a fita embolou. Após o ocorrido minha tia comprou o CD original.

 

Foto: reprodução encarte do CD Sobrevivendo no Inferno

 

As fotos do encarte me impressionaram, especialmente a que tem um bonde gigante no morro e a favela atrás. Logo pensei: esses devem ser os 50 mil manos. A identificação foi imediata. A junção de bíblia, armas e periferia fazia parte – direta ou indiretamente- do cotidiano, principalmente quando fui morar de vez no Jardim Itatiaia, em Campinas (CPS).

Durante os anos 90, o bairro praticamente fundado pelo meu avô, virou um dos lugares mais perigosos da cidade. O retrato feito pelos Racionais se encaixa perfeitamente ali. Tanto é que virou a trilha oficial de qualquer festa. Eu sabia de cor todas. Pelo ritmo dançante, “Qual Mentira Vou Acreditar” ganhou minha preferência. Depois fiquei fissurado por “Tô Ouvindo Alguém Me Chamar”, que na minha visão é um roteiro pronto para ser filmado.

Naquela época não tínhamos noção de dados sobre pessoas assasinadas pela polícia, apesar de vivenciarmos constantemente, muito menos da quantidade de negros na faculdade, algo que estava bem distante da nossa realidade naquele momento. Mas tivemos um direcionamento sobre essas questões e também de como não ser corrompido pelo sistema em “Capítulo 4, Versículo 3”.

Fato é que “Sobrevivendo no Inferno” serviu como aulas de sociologia para leigos. Na linguagem entendida por todos, fomos introduzidos à questões que faziam parte do nosso dia a dia, mas não entendíamos o que tudo aquilo significava e influenciava a nossa vida. As abordagens só fizeram sentido anos depois com a possibilidade de ingressar na universidade e observar que pretos e pardos realmente eram a minoria naquele ambiente, e maioria entre as vítimas da violência policial e de encarcerados.

Passados 25 anos, a obra ainda continua realista. As problemáticas de antes permanecem as mesmas. A única diferença é que agora temos tecnologia. (Obviamente tivemos mudanças relevantes, principalmente no ingresso de negros nas universidades, porém, muita coisa ainda precisa mudar). Pelo jeito, Deus não ouviu a nossa voz, para transformar aqui num Mundo Mágico de Oz. Enquanto não descobrimos a fórmula mágica da paz, continuamos (literalmente) sobrevivendo no inferno.

 

Foto de capa: Klaus Mitteldorf

 

 

Indicamos também: o Poze do Rodo… “diferente de tudo, diferente de todos”. Leia AQUI

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