Existem clássicos que nunca vão ficar obsoletos. Esse é o caso do boom bap. Pode passar décadas e ele continuará em alta, mesmo com o surgimento de subgêneros que de tempos em tempos ganham evidência – como o trap atualmente. Paulo Microfonia e Sopro Inverso seguem a premissa. Continuam trabalhando para manter o RAP noventista batendo forte nos falantes.
No EP “O Som Nosso de Cada Dia”, eles unem suas diferenças para criarem sonoridades e composições que contribuam para a valorização de dois elementos primordiais do Hip Hop: O RAP e o DJ. “É um tipo de RAP, que comercialmente não tem tanta visibilidade”, Diz Paulo Microfonia. “Queremos valorizar a ‘forma clássica” de se fazer RAP, das letras até o instrumental. Se formos analisar, as músicas praticamente não tem refrão… as que têm, são colagens de vinil. Vai totalmente contra a maré do que tem sido feito hoje.”
De fato, as 6 tracks do projeto possuem uma linguagem diversa que valoriza a poesia e a musicalidade, muito influenciada por músicas que fazem parte do cancioneiro brasileiro. Por isso, os “recortes” de vinis e samples estão por toda parte. São referências.
“Desde a pré-produção a gente já tinha a intenção de fazer um disco de RAP clássico. Então, toda engenharia de produção foi feita com sample e as colagens ficaram sob a responsabilidade dos DJs”, diz Sopro Inverso.
A arte da capa, desenvolvida por S4nn, reflete muito bem a musicalidade e o conceito do EP. Todo o ambiente da sala reflete a nostalgia do tempo em que a audição musical era feita principalmente através de fitas K7 e discos de vinil. A senhora devorando o hambúrguer simboliza o diálogo entre o novo e o velho e suas diversas possibilidades de troca. O som é o “pão nosso de cada dia”.
Para complementar, Paulo Microfonia e Sopro Inverso vão colocar na pista a versão do EP em fita K7 (50 peças) e planejam um vinil.
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