O clássico literário “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, ganhará uma releitura no musical “Bertoleza”, com estreia para o dia 7 de fevereiro no Sesc Belenzinho, onde fica em cartaz até 1º de março. A montagem, com adaptação, direção e músicas de Anderson Claudir, é feita a partir do ponto de vista de uma mulher negra, que assume o papel do protagonista original, João Romão.
Na trama, o oportunista Romão propõe uma sociedade à escrava Bertoleza, prometendo comprar a alforria dela. Juntos, eles começam uma nova vida e constroem um pequeno patrimônio formado por um enorme cortiço, um armazém e uma pedreira. Depois de acumular capital considerável, o ambicioso João Romão já não sabe mais como se tornar mais rico e poderoso. Envenenado pelo invejoso Botelho, ele decide se casar com Zulmira, a filha de Miranda, um negociante português recentemente agraciado com o título de barão. Mas, para isso, precisa se livrar da amante Bertoleza, que trabalha de sol a sol para lutar pelo patrimônio que eles construíram juntos.
O maior desafio da companhia Gargarejo Cia. Teatral, responsável pelo espetáculo, foi transformar uma narrativa do século 19 em questionamentos e problematizações das relações criadas nos dias de hoje. “Quisemos investigar uma identidade brasileira que vem da diáspora africana e pensar em como isso nos afeta artisticamente. Assim, podemos criar novos signos para essa geração e dar uma voz para essa terra periférica”, diz Claudir.
A figura de Bertoleza é inspirada em outras mulheres negras brasileiras negligenciadas pela História. Na encenação, o elenco relembra o legado de vereadora Marielle Franco, a escritora Carolina Maria de Jesus, a jornalista e professora Antonieta de Barros, a escritora Maria Firmina dos Reis e a guerreira Dandara. A protagonista é interpretada pela atriz Lu Campos. “Espero que as mulheres pretas se sintam bem representadas na peça e a partir disso, busquem seus lugares de protagonismo nos variados âmbitos da vida”, reflete Lu.
Quem também tem um papel de destaque é Eduardo Silva (Botelho), conhecido pelo personagem Bongô do Castelo Rá Tim Bum e colecionador de importantes prêmios teatrais como Mambembe, APCA, APETESP, Moliére e SHELL. “Os musicais aos quais assisti eram homenagens a grandes figuras brasileiras e o que emociona era o histórico de vida sofrida que essas pessoas têm”, observa Eduardo. “Bertoleza’ é um musical-denúncia. Quando a Lu fala ‘essas mulheres foram mortas ou morreram, mas nós não vamos mais ser mortas, porque nós somos semente, força e pavil’, ou falamos ‘eu vim empretecer, não quero esclarecer’, isso é muito bonito. Eu nunca vi algo parecido em um musical”.
O time de intérpretes se complementa com Taciana Bastos, Bruno Silvério e pelos integrantes do coro Ananza Macedo, Cainã Naira, David Santoza, Edson Teles, Gabriel Gameiro, Matheus França, Palomaris e Welton Santos. A direção musical é assinada por Eric Jorge; o dramaturgia e a poesia é de Le Tícia Conde; e a coreografia de Emílio Rogê.
SERVIÇO
De 7 de fevereiro a 1º de março de 2020. Sexta e sábado, 21h30. Domingo, 18h30
(Dia 22 de fevereiro, sábado, 18h30)
Local: Sala de Espetáculos I (100 lugares)
Valores: R$ 30 (inteira). R$ 15 (aposentado, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante). R$ 9 (credencial plena do Sesc).
Ingressos: portal Sesc SP (www.sescsp.org.br) a partir do dia 28/1, às 12h, e nas bilheterias das unidades do Sesc a partir de 29/1, às 17h30. Limite de 4 ingressos por pessoa
Duração: 90 minutos
Recomendação etária: 12 anos
Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
www.sescsp.org.br/belenzinho