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Índio também faz rap: o BRÔ MC's diz como

O rap chegou às aldeias. Por meio dele, os índios tȇm compartilhado suas realidades, pouco conhecidas por grande parte dos brasileiros. As letras de protesto permanecem em voga, pois a discriminação a quem mora na periferia se estendeu aos indígenas. Mesmo sendo donos legítimos da terra, eles ainda são segregados pelos colonos. Mas a música está transformando alguns pensamentos.
Numa tarde de domingo chuvosa e fria em Campinas, conversei com os rappers do Brô MC’s – Bruno, Clemerson, Charlie e Kelvin, apoiados por Higor Lobo e Dani Muniz -, moradores das aldeias Jaguapiru e Bororó, no Mato Grosso do Sul, para saber quais as mudanças que o trabalho deles tem proporcionado às comunidades em que vivem.
A curiosidade é saber de que maneira o rap chegou à aldeia.
Bruno: Foi através do programa de rádio “Ritmos na Batida”, que ia ao ar todos os sábados e tocava “altos” raps internacional e nacional. E aí, a gente gravava nas fitas cassete e levava pro campo. Antes de jogar bola, a gente fazia uma roda com os amigos pra ouvir as musicas. Essas fitas eram emprestadas para outros colegas e assim o rap foi disseminado na reserva (indígena).
De quem partiu a decisão de fazer um grupo de rap?
Bruno: Na verdade a intenção não era montar um grupo. Eu já cantava sozinho na escola. Um dia o diretor chegou pra mim e falou: “você tem algum trabalho artístico pra apresentar? Tem que ser alguma coisa diferente, nada que seja típico”. Falei que tinha uma música. Aí ele perguntou que tipo de música era. Eu disse: É rap. Então eu mandei (sic) uma rima em acappella, e ele gostou. Depois disso, professores de outras escolas começaram a me convidar pra cantar. Os caras foram aparecendo em seguida por curiosidade, do nada. O Clemerson (seu irmão) se interessou após me ver apresentando na escola. Aí depois veio o Charles.  O Kelvin (irmão do Charles) eu conheci num evento de formação de professores. Ele também já fazia rap, mas não tinha base (beat). Lá, ele pediu pra eu emprestar a minha. Dei a ideia pra fazermos um “bem bolado” pra ver qual era. Fizemos a mistura. Passou um tempo, o Higor Lobo (produtor) apareceu lá na escola… Nem sei como ele chegou, caiu de paraquedas (risos).
Higor, como foi o primeiro contato com eles?
Cara, eu costumo dizer que foi uma grata surpresa, tá ligado? Assim, a gente estava em estúdio gravando o segundo disco do Fase Terminal (Outra Fase) e tínhamos vontade de falar sobre os índios, mas não fazíamos ideia de como chegar. Nesse processo de produção eu fui convidado por uma professora a visitar a aldeia. Foi lá que eu conheci o trabalho dos caras. Eles cantaram dois sons. Um que era mescla de rap nacional com letra deles, e a outra uma música que mistura o guarani, a língua materna deles, com o português. Ao ouvir, eu chapei! E aí fizemos contato com os quatro e os convidamos para participar do nosso disco. Em parceria com a Universidade de Dourados/MS surgiu a possibilidade de fazermos oficinas de hip-hop na reserva. Nossa preocupação sempre foi preservar a cultura indígena, não levar a cultura de fora para dentro da aldeia e desmitificar a cultura dos índios. Mas principalmente mostrar que o rap era uma ferramenta na mão deles. Foi isso que eles conseguiram se apropriar e entender essa ideia. Eles transformaram o rap nessa ferramenta de acesso, que levou o som para outras aldeias e cidades, inclusive para outros países.
Como foi a aceitação do rap na aldeia?
Bruno: Os mais velhos não sabiam o que era o rap. Os mais jovens já conheciam – por causa da rádio e das fitas. Quando a gente lançou nosso CD demo, meu irmão Clemerson apresentou aos Caciques na reunião dos líderes. Ele explicou a eles o que cada faixa dizia. Essa foi a oportunidade que estávamos precisando para ganhar força e apoio dos mais velhos, da liderança.
 E o processo de composição, como acontece? Algumas canções vocês escrevem em português, outras em guarani-kaiowá e algumas vocês fazem uma mescla.
Bruno: Quando a gente mescla português com guarani, as pessoas acham que estamos traduzindo. Mas não é, são duas coisas diferentes. Uma da sequência a outra.
Higor: Na real, é a continuidade das ideias… E só para complementar, nós terminamos de gravar uma série de TV contemplada em um edital da Ancine, chamado Guateka. Ela vai contar a história do grupo desde o surgimento. Então, eles serão atores da própria história. Creio que vai ao ar em breve em algumas TVs públicas do Brasil. O filme materializa um pouco da vida deles.
Em algumas músicas vocês abordam a realidade do indígena no século XXI. Observando, ela não difere da vida daqueles que vivem na periferia das grandes cidades.
Então… Antes do Brô MC’s, existia muito preconceito por causa da terra. O indígena não podia entrar numa loja. Se tentasse entrar, era barrado.  Não podia fazer uma compra nem entrar em uma loja de tênis, porque não tinha permissão. Quando o grupo foi ganhando visibilidade, sendo reconhecido na região por conta dos clipes e das letras que relatam nossos problemas, a coisa mudou. Acho que mexeu com a cabeça das pessoas. Viram que o indígena não era estorvo (como pensavam). Viram que também temos a capacidade de fazer algo que sai do padrão pré-determinado.  A partir daí, começaram a nos aceitar melhor.
Higor: É interessante tocar nesse assunto, porque o rap em si já tem uma identidade da periferia. Ele nasce e fortalece a partir da periferia. E quando a gente olha a situação dos caras… Eles estão na margem da margem. Eles estão na periferia da periferia, porque a situação indígena é muito complexa… Pelo menos ali naquela região do Mato Grosso do Sul, dada essa questão da disputa de terras. Ainda há um pensamento colonizador. E, no sentido de que, piadinhas são feitas… Há uma série de questões que às vezes não aparecem, mas que são muito sutis – como a gente trata no som “A vida que eu levo”. Essa é a realidade dos invisíveis… Assim como nas periferias das grandes cidades. Aí eu vejo que os caras (do Brô) estão na dianteira do processo, mas ao mesmo tempo sofrem uma carga de negação ou invisibilidade muito grande também por serem indígenas, por cantarem rap, por viverem na aldeia. E isso no estado (MS) é muito forte. Quando a gente vai tocar fora, existe uma receptividade muito maior ao ponto do cara entender o porquê daquela luta. Mas o rap é isso.
Vocês já iniciaram a produção do segundo disco?
Higor: Agora, estamos finalizando a trilha sonora para a série Guateca, que vai ter canções do primeiro disco. Terminando, a gente inicia a produção do novo projeto. Inclusive, esse disco vai ter a participação de caras que se tornaram amigos ao longo dessa caminhada…  Entre eles, o GOG, o Renan do Inquérito também… Tem algumas participações a nível nacional, mas estamos numa expectativa interessante porque esse disco vai aprofundar ainda mais a pesquisa sonora guarani-kaiowá e indígena no geral. O que a gente não conseguiu fazer nesse primeiro trabalho, por estar com um orçamento de apenas 800 reais, vamos fazer no próximo. A pretensão é ter um trabalho que leve pelo menos uns 06/08 meses de estúdio, mas que seja um disco que saia e mostre a identidade dos caras. Tudo com referências musicais de várias tribos do Brasil. Pode ser que no final do ano ele esteja pronto. Vamos aguardar.
Veja visual de Koangagua:

*Foto: Goldemberg Fonseca

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