O Don L está experimentando possibilidades para arquitetar “Roteiro Pra Aïnouz, Vol. 2”. No seu primeiro ensaio, “kelefeeling (verso livre)”, ele invoca os poderes da deusa da inspiração. Essa é apenas uma introdução do que está por vir, provavelmente ainda em 2020. No vídeo gravado em São Paulo, o MC pede, agradece e aborda assuntos relacionados à solidão, liberdade, reflexão do fim de tarde e a ambição artística.
A fotografia com estética oitentista são assinadas por Helder Fruteira, que também faz a direção ao lado de Aisha Mbikila. Os dois se juntam a outros profissionais renomados que Don L chama de “dream team da nova geração de videomakers e comunicadores visuais”: Yuri Padre (ilustrador), Suyane Ynaya (figurinista), Marina Deeh e André Maleronka. Deryck Cabrera fez o beat, e Nave a produção.
Fizemos um rápido bate-bola com o favorito do favorito para saber mais alguns detalhes sobre a construção do audiovisual.
Essa “oração” à deusa é feita constantemente?
Na verdade, eu sou uma pessoa inconstante no que diz respeito ao espiritual. Talvez isso mude, mas até agora tenho sido.
Nesse momento de isolamento social, a criatividade tem desaparecido?
Acho que ele vem forçar soluções realmente criativas pras coisas porque exige uma perspectiva nova de futuro.
A música foi composta durante a quarentena ou já estava pronta esperando só o momento certo para ser apresentada?
Já tava pronta a letra, a gente só finalizou a produção musical e a parte audiovisual sim foi criada e executada toda na quarentena (seguindo todos os protocolos de segurança).
Por também refletir esse momento de caos, em que todos estão tentando fortalecer a fé e tentando encontrar esperança, a música foge da proposta de “Roteiro Pra Aïnouz, Vol. 2”?
Não. Serve como um prelúdio pro RPA2.
Tem uma previsão pra chegada do próximo disco? Já começou a produção?
Sim. Temos algumas coisas já. Espero lançar esse ano.
Como foi juntar todo esse time para a produção?
Pra mim foi realização de um sonho. Sempre quis poder chamar quem eu quero pra fazer cada trampo de acordo com quem acho que tem a ver com cada trampo, e isso agora está se tornando uma realidade mais próxima.
A fotografia do vídeo traz uma textura oitentista, principalmente nas cores. Segue uma linha artística, não é algo descompromissado com a intenção de buscar likes e visualizações. Quais foram as inspirações?
A fotografia é do Helder Fruteira, e tem um pouco essa estética inspirada no VHS, mas com uma pegada fresh, nova. Acho que o vídeo tem que enriquecer as possibilidades de imagens na cabeça de quem escuta a música. Eu pinto quadros com as palavras, mas deixo abertas possibilidades, pra cada um preencher com suas próprias experiências, de acordo com que levam a música pra vida delas. O vídeo não pode fechar essa porta, ao contrário, tem que abrir mais uma janela. E é isso que a gente fez contando com o talento dessa equipe foda.
Indicamos também: Contra a violência racista, Edi Rock faz seu manifesto no single “Vidas Negras”. Leia aqui.